segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sistema nervoso e regulação nervosa

No sentido de responder, de forma rápida, às alterações do ambiente e de manter o equilíbrio do seu meio interno, os animais desenvolveram um conjunto de células, tecidos e órgãos que constituem o sistema nervoso.

A unidade do sistema nervoso é a célula nervosa - o neurónio.

Os neurónios são células altamente estimuláveis, capazes de detectar pequenas alterações do meio. Em resposta a estas variações, verifica-se uma alteração eléctrica, que percorre a sua membrana.

Estas alterações eléctricas constituem o impulso nervoso.

Os neurónios apresentam um corpo celular e dois tipos de prolonga­mentos citoplasmáticos - dendrites e axónios.

As dendrites são prolongamentos finos, geralmente ramificados, que recebem e conduzem os estímulos provenientes do ambiente ou de ou­tras células nervosas até ao corpo celular.

O axónio é, geralmente, uma fibra fina e longa, com um diâmetro rela­tivamente uniforme e cuja função é transmitir os impulsos nervosos pro­venientes do corpo celular. Nos Vertebrados, e em alguns Invertebrados mais complexos, o axónio é coberto por uma bainha isolante de mielina.

O conjunto do axónio e da bainha de mielina que o envolve designa-se fibra nervosa. As fibras nervosas reunidas em feixes envolvidos por uma capa de tecido conjuntivo constituem os nervos.
Todas as células, e de forma particular os neurónios, apresentam diferen­ças de concentração de iões entre a face interna e a face externa da sua membrana citoplasmática.

O fluido extracelular que rodeia os neurónios apresenta elevadas concen­trações de Na+, mas baixa concentração de IO. Por outro lado, no meio intracelular existe uma elevada concentração de K+, mas baixa concentração de Na+. Como o citoplasma dos neurónios contém, proporcionalmente, menor quantidade de iões positivos do que o fluido extracelular, a superfí­cie interna da membrana apresenta carga eléctrica negativa, enquanto que a face externa apresenta carga eléctrica positiva. Desta forma, gera-se uma diferença de potencial eléctrico entre as duas faces da membrana - poten­cial de membrana - que, quando o neurónio não está a transmitir impul­sos, é da ordem dos -70 mV (milivolts) - potencial de repouso. O sinal nega­tivo indica que o interior da célula tem carga global negativa, relativamen­te ao exterior.

Na membrana celular, existem canais que permitem a passagem de K+ e Na+ de forma passiva. Quando o neurónio está em repouso, estes canais encontram-se fechados, abrindo-se quando a célula é estimulada. Quando um neurónio é atingido por uni determinado estímulo, os canais de Na+ abrem-se, conduzindo a uma rápida entrada de Na+ para a célula. Esta brusca entrada de iões positivos faz com que o potencial de membrana passe de -70 mV para + 35 mV. Esta alteração de diferença de potencial designa-se despolarização. Esta rápida alteração do potencial eléctrico, que ocorre durante a despola­rização, designa-se potencial de acção e é da ordem dos 105 mV (de -70 mV para + 35 mV).

A estimulação de um neurónio obedece à lei do "tudo ou nada". Isto significa que o estímulo tem de ter uma determinada intensidade para gerar um potencial de acção. O estímulo mínimo necessário para desen­cadear um potencial de acção designa-se estímulo limiar. Uma vez ultra­passado esse estímulo limiar, e portanto estimulado o neurónio, o poten­cial de acção é igual, independentemente da intensidade do estímulo.

O potencial de acção, que se gera na área da membrana estimulada, propaga-se à área vizinha, conduzindo à sua despolarização. Verifica-se, então, uma sucessão de despolarização e repolarização ao longo da mem­brana do neurónio.

Esta onda de despolarização/repolarização constitui o impulso nervoso.

A propagação do
impulso nervoso faz-se num único sentido - das dendrites para o axónio.